Durante muito tempo na história do RH, as empresas não davam a devida importância para a saúde do funcionário. Porém, com o desenvolvimento das leis trabalhistas, os empregadores sentiram a necessidade de se atentar a saúde do funcionário, seja por obrigação ou como forma de manter a satisfação e produtividade.
Mais recentemente, entretanto, os debates sobre a importância de cuidar da saúde mental dos colaboradores ganharam força. Durante a pandemia, inclusive, a mudança para o home office e a dificuldade de separar as horas de trabalho e lazer fizeram com que muitos trabalhadores desenvolvessem a síndrome de burnout, ou síndrome do esgotamento.
A síndrome de burnout foi inserida na 11ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (Cid-11) da OMS, que entrou em vigor em janeiro de 2022. Na definição proposta pela OMS, o burnout pode ser caracterizado como “uma síndrome ocupacional causada pelo estresse crônico no local de trabalho”.
Por isso, este assunto deve receber mais atenção. Aproveite para conhecer mais sobre a doença e as principais causas que levam os colaboradores a desenvolvê-la.

Burnout: o que é?
Imagine-se dirigindo um carro. Após rodar determinada distância, se você não abastecer o tanque, chegará uma hora em que seu carro vai se encontrar sem combustível. Com esse cenário em mente, imagine agora que seu corpo é esse carro.
Assim como qualquer veículo tem um limite de distância que pode percorrer antes que surja a necessidade de abastecer o combustível, o corpo e a mente humana também tem seus limites na hora de trabalhar.
Assim, podemos compreender a síndrome de burnout como uma condição de alguém que está emocionalmente ou fisicamente cansado.
Alguns especialistas consideram que o burnout é uma síndrome depressiva, causada pela exposição a um período prolongado de estresse no trabalho.
Principais causas do Burnout
São várias as razões que podem levar os colaboradores de uma empresa a se sentirem esgotados. Conheça agora as principais causas do burnout nos funcionários:
Trabalho em excesso
Como já foi dito, a pandemia e o home office transformaram a casa dos colaboradores em seu local de trabalho. Também por isso, inúmeros trabalhadores têm tido dificuldades em separar a vida pessoal da profissional.
O excesso de trabalho está entre as principais causas da síndrome de burnout. Também por isso, em regimes home office os gestores devem se atentar ainda mais às horas trabalhadas a fim de evitar danos à saúde mental dos funcionários da empresa.
Neste sentido, utilizar plataformas de controle de ponto são excelentes para o Departamento Pessoal poder controlar se está ocorrendo este excesso, por exemplo.
Reconhecimento insuficiente
Seja pelas recompensas escassas ou pelo esforço que não está sendo valorizado, a falta de reconhecimento é uma das principais causas da rotatividade de pessoas nas empresas. Os funcionários estão sendo recompensados pelo seu esforço? Os benefícios oferecidos se adequam à realidade dos colaboradores?
Se alguma dessas respostas for negativa, você deve considerar mudanças na sua empresa para evitar não só a síndrome de burnout como também o aumento da taxa de turnover.
Má gestão
Quem trabalha com RH ou tem conhecimento em gestão de pessoas sabe: líderes ruins afastam bons funcionários. Dito isso, considere se a relação entre os colaboradores e a liderança de sua empresa não está desgastada.
Questione também se as metas estipuladas pelos gestores fazem sentido para os outros profissionais, já que metas inatingíveis causam um decréscimo significativo na motivação dos colaboradores. Pesquisas eNPS podem auxiliar a detectar este fator, ou uma pesquisa de pulso.
Gestão de tempo ineficaz
Ao levar o escritório para dentro de casa, a concentração e a gestão de tempo tornaram-se empecilhos para grande parte dos trabalhadores.
A concentração se prejudica seja pela mudança de ambientes, seja com os ruídos externos e interferências que podem ocorrer, como no vídeo viral abaixo.
Com isso, atividades se acumulam, informações se perdem e a ansiedade surge por precisarmos lidar com o desgaste advindo das atividades laborais.
Exercer as funções erradas
O visionário Steve Jobs certa vez disse “concentre-se no que você é bom e delegue todo o resto”. Por essa frase, não fica difícil imaginar a razão pela qual funcionários mal alocados ou com desvio de função têm maiores chances de desenvolver a síndrome de burnout.
Portanto, reflita sobre o papel e o perfil de cada engrenagem de seu time e, após isso, considere se todos esses colaboradores ocupam posições e cumprem atribuições que façam sentido para eles.
Sintomas da síndrome de burnout
De modo geral, colaboradores que estão emocionalmente esgotados costumam expor sinais claros de falta de engajamento e motivação.
Saiba agora os principais sinais que indicam que um funcionário pode estar com a síndrome de burnout.
Exaustão física e mental
Um dos sintomas mais aparentes para quem está sofrendo com a síndrome de burnout é a exaustão. Seja ela física, mental ou emocional, é fato que a exaustão compromete seriamente nossas habilidades cognitivas, prejudicando diretamente nosso desempenho não só no trabalho, como em outras áreas de nossa vida.
Indiferença
Se um colaborador se mostra indiferente em relação aos projetos da empresa, é pouco participativo em reuniões e não demonstra interesse pelos assuntos institucionais, isso pode ser um indicativo de burnout.
Falta de foco
Você percebe que algum colaborador tem dificuldades em concentrar-se em suas atribuições? Pois saiba que o estresse crônico está diretamente relacionado à falta de foco. Esquecer constantemente de tarefas e responsabilidades também indica que sua saúde mental está comprometida.
Falta de motivação
A falta de motivação também está entre os principais sinais da síndrome de burnout. Geralmente, este sintoma se dá quando o colaborador está infeliz em sua posição ou não está sendo devidamente recompensado.
São sinais de falta de motivação a dificuldade de começar o dia, atrasos ou faltas constantes e a ausência de engajamento com os projetos e outros profissionais da empresa.
Como evitar e tratar o burnout?
A síndrome de burnout tem ganhado cada vez mais destaque, já que, como já foi dito, o home office faz com que cada vez mais trabalhadores tenham dificuldades em separar trabalho de vida pessoal.
Ainda assim, se você está passando por isso ou conhece alguém que está, fique tranquilo! Superar a síndrome de burnout não é um caminho fácil, mas também não é impossível. Veja abaixo algumas dicas de como evitar e tratar o burnout.
Trarei orientações de como o RH pode lidar com este problema e como o colaborador pode ajudar.
Como evitar o burnout nos colaboradores
1. Fortaleça sua cultura organizacional
Repensar e fortalecer a cultura organizacional de sua empresa é um ótimo caminho para evitar que seus colaboradores desenvolvam a síndrome de burnout. Além de garantir um ambiente mais amigável para o trabalho, uma boa cultura organizacional também pode fortalecer a imagem empregadora da organização.
2. Promova a diversidade
As empresas estão compreendendo que essa nova geração de trabalhadores se importa, cada vez mais, com a diversidade no local de trabalho. A instalação de um comitê de diversidade, além de reduzir o número de conflitos por atitudes preconceituosas, também promove nos funcionários a sensação de aceitação e pertencimento.
3. Incentive o cuidado com a saúde
São muitas as formas com que uma empresa pode se atentar à saúde de seus funcionários. Oferecer benefícios como gympass, vale alimentação e refeição, ginástica laboral e promover a alimentação saudável são ótimas opções.
4. Promova atividades fora do local de trabalho
Promover happy hours e outras atividades de descontração entre os colaboradores ajuda não apenas a aliviar o estresse do trabalho, como também promove a integração entre os funcionários. Saiba organizar essas atividades e usá-las de forma estratégica, incentivando a participação de todos os colaboradores.
5. Organize pesquisas de pulso
As pesquisas de pulso são uma espécie de “check up” da empresa. Nela, são avaliadas a opinião de colaboradores sobre temas específicos da organização e podem servir como um bom norteador para saber o que pode e o que precisa ser melhorado na empresa.
Acredito que estou sofrendo com a síndrome de burnout. E agora?
1. Reconhecer e compartilhar
Se você está se sentindo esgotado com o trabalho, é muito provável que também esteja sentindo os reflexos disso em outras áreas de sua vida. Aqui, é importante reconhecer para si mesmo o que está passando para, assim, poder compartilhar seus sentimentos com amigos, familiares ou até colegas de trabalho.
2. Identificar o problema
Agora que já reconheceu o seu problema, está na hora de refletir sobre o que está causando ele. Está lidando com muita pressão? Suas metas são irreais?
Em qualquer situação, converse com seu chefe e colegas de trabalho para saber o que pode ser feito e se alguém mais está passando por esta situação.
3. Equilibrar vida pessoal e profissional
Aqui, é necessário entender que trabalhar por mais tempo não necessariamente significa ser mais produtivo. Por isso, ao longo do seu dia, não deixe de dedicar horários específicos para descansar e praticar exercícios físicos. Essas atividades serão de grande ajuda para limpar sua mente e restaurar suas energias.
4. Desconecte-se
De uns tempos para cá, a humanidade passa cada vez mais horas de seu dia conectada à internet. Da mesma forma, não é segredo para ninguém que o uso excessivo de celulares e computadores trazem malefícios para a saúde mental e emocional. Muitas pessoas, inclusive, sofrem com a chamada nomofobia, ou ansiedade de separação do celular.
Por isso, reserve algumas horas do seu dia para ficar longe da rede. Nesse período, leia um livro ou use esse tempo para qualquer outra atividade que lhe seja prazerosa.
5. Descanse
É muito fácil se esquecer disso, mas sem no mínimo 6 horas de sono por dia nosso cérebro não consegue atingir o seu máximo de desempenho. Além disso, quem dorme menos ou dorme mal tem uma maior tendência a desenvolver a síndrome de burnout.
Por isso, defina horários para se preparar para deitar e, nesse período, mantenha-se longe de seu smartphone e tente evitar quaisquer outras distrações que possam prejudicar seu sono.
6. Se organize
Não raramente, pessoas que sofrem com a síndrome de burnout tem suas rotinas bagunçadas e instáveis. Pois saiba que a melhor forma de evitar aquela ansiedade causada pelo acúmulo de tarefas é organizar seu tempo.
Pense em quanto tempo leva para fazer cada uma de suas tarefas e não deixe de incluir em seu planejamento os horários destinados para descanso. Isso pode ser feito em aplicativos ou em cadernos, mas o mais importante é ter horários específicos para realizar cada uma de suas atribuições.
7. Procure ajuda profissional
Recentemente, estamos desconstruindo o pensamento de que terapia e consultas psicológicas são apenas para “doidos” ou pessoas mentalmente instáveis. Por isso, não negligencie o cuidado com sua saúde mental e procure um psicólogo, pois este pensamento é equivocado.
Seus amigos e familiares certamente têm o papel importante de te apoiar em momentos como esse, mas eles não podem suprir o tratamento especializado e com o acompanhamento de um profissional.
Como vimos, o estresse crônico no trabalho pode ser causado por diversos fatores e pode se apresentar de diversas formas. Seja como for, a síndrome de burnout certamente não deve ser negligenciada.
Caso você tenha gostado do texto, não deixe de compartilhar com seus amigos e colegas de trabalho.